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ATÉ QUE O CONTRATO OS SEPARE - A CIDADE E A PUBLICIDADE

Por: Raphael de Jesus


A relação com um cliente é como um casamento: você deve amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias, até que a morte os separe. E o término de um contrato pode ter os mesmos efeitos de um divórcio, especialmente se você estiver usando o Instagram.


Foi o que aconteceu com Victor Marchioro, dono da agência Super Duper. Enquanto ele acessava a rede social, deparou-se com uma nova publicação de seu ex-cliente, a Chocolataria Verbinski. Era um anúncio de uma nova linha de misturas prontas e isso o fez perceber que o pequeno negócio familiar convertera-se em uma poderosa fábrica.


Entretanto, pior do que ver sua ex-companheira bem de vida é vê-la nos braços de outro. Acessando o perfil, viu um post de agradecimento pelos serviços da agência Placebo, com quem disputava clientes.


O empresário sentiu-se tomado pelo ciúme e passou o resto da tarde vasculhando outras atualizações em busca de uma resposta para o salto. Durante o ano em que os atendera, limitou-se apenas ao desenvolvimento do site, com plataforma para e-commerce, e uma campanha de anúncios para o Google Ads. Ele conseguira algumas conversões, porém ao fim do contrato, o cliente optou por não renová-lo.


A única alternativa plausível seria terem encontrado um sócio endinheirado, mas isso não explicava os agradecimentos efusivos ao seu concorrente.


Sem resposta, inventou um pretexto para contatá-lo novamente. Depois de o afagar com elogios e jogar conversa fora sobre o momento das duas empresas, Victor perguntou ao sr. Paulo Amado sobre como conseguiram desenvolver-se em tão pouco tempo. E a resposta foi: estratégia.


Uma palavra que ele ouvira tantas vezes que já a considerava esvaziada de sentido, um chavão. Mas ainda assim misteriosa e sedutora o suficiente para cativá-lo a ouvir o antigo freguês.


O sr. Amado relatou que, como possuíam mais de 30 anos de mercado, resolveram vestir a camisa da tradição, para se conectarem com a camada mais antiga da população. Reformularam toda a identidade visual e fizeram vídeos que refletissem esse novo valor. Na sequência, marcaram presença cativa em eventos que os fizeram ser melhor reconhecidos e com isso fecharam novas parcerias, e portanto, mais vendas, que permitiram à empresa crescer.


Victor sentiu-se desolado, obsoleto e incompetente. Por dez anos ele se acomodara em seu negócio, desconhecendo outras possibilidades.


Depois de ouvir a história, ele agradeceu pela conversa e se despediu. Voltou para casa pensativo e passou as semanas seguintes completamente travado. Ele continuava a lucrar, mas não conseguia parar de pensar que algo faltava a sua agência, a dita cuja estratégia.


Procurou ler artigos na internet, mas tudo parecia-lhe abstrato e trabalhoso, sem fazer sentido. Preocupado, algumas vezes deixou de comer e tornou-se insone. Aquela conversa partira seu coração e ele pensou até mesmo em fechar a empresa, para voltar a uma que tivesse maior domínio, como as ciências econômicas de sua formação.


O tempo passou e com ele veio a resiliência. E o Instagram, que pode ser uma ferramenta promulgadora das mais diversas frustrações, também pode oferecer oportunidades. Por acaso, ele viu um anúncio de uma escola de marketing, ofertando cursos, justamente sobre estratégia.


Ele resolveu arriscar e passou a se envolver com o tema. Frequentou eventos e se correspondeu com profissionais de outras agências, à procura de qualquer conselho que o ajudasse a se desenvolver.


Com maior autoconfiança, reestruturou a empresa. Contratou novos funcionários e acrescentou serviços, norteado pelo valor da estratégia. Até mesmo mudou de nome, tirando o Duper e ficando apenas com o Super.


Três anos depois, agência Super tinha mudado de patamar e ele começou a gerenciar marcas de nível nacional. Foi então que o telefone tocou:

Era o sr. Paulo Amado novamente. O fabricante de chocolates se queixava de que estava insatisfeito com a Placebo, justamente porque suas campanhas no Google Ads estavam performando muito mal.


Victor não pôde deixar de sorrir naquele momento, pois parecia algum tipo de piada, uma ironia do destino, talvez. De todo modo, como ocorre a qualquer empresário neste ramo, ele respondeu:


- ”Claro, vamos marcar uma reunião”.


Como se fossem feitos um para o outro, agência e cliente, eles retomaram a relação. Até que o contrato os separe.


FIM


Crédito da imagem: <a href='https://br.freepik.com/fotos-vetores-gratis/fundo'>Fundo foto criado por ijeab - br.freepik.com</a>

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